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LAMENTO INFORMAR MEU(S)  SEGUIDOR(ES) QUE NÃO POSSO AVANÇAR COM ESTE BLOG PORQUE QUALQUER COISA DE GRAVE SE PASSOU COM A TRANSPOSIÇÃO DOS MEUS TEXTOS PARA A PUBLICAÇÃO. TUDO QUANTO DETERMINO SAI DO AVESSO OU NEM SEQUER DÁ QUALQUER SINAL DE SEGUIR PELAS VIAS NORMAIS, COMO ATÉ À DATA. FORMATAÇÃO É COISA QUE NÃO É OBEDECIDA.

ALIÁS, DESDE QUE MUDARAM O LAY-OUT, EM SETEMBRO, AS COISAS COMEÇARAM A NÃO CORRER BEM. POR VEZES, PRECISAVA DE UMA ENORME PACIÊNCIA PARA TENTAR MAIS DE MEIA DÚZIA DE VEZES PARA QUE O TEXTO E AS FOTOS FICASSEM COMO EU AS DESEJAVA.

ESPERO POR UM TÉCNICO PARA ME AJUDAR A "POR NA ORDEM" O QUE ME DETERMINEI A FAZER. COM O COVID, NO ENTANTO, NUNCA SE SABE QUE DIA SERÁ.

LAMENTO MUITO MAS NÃO TENHO CULPA DO SUCEDIDO.

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8OUT20

FRANÇOIS MANSART

Este arquitecto, tendo nascido em 1598 e morrido em 1666, foi um lídimo representante da arquitectura francesa, no sentido em que teria sido dos poucos arquitectos que, ao tempo, não se teriam deslocado uma única vez a Itália. À época, deveria ter sido uma excepção à regra, dado que apreendeu a nova linguagem através do que ia sendo feito em França e, nomeadamente Paris.

Uma das suas primeira obras é o pequeno chateau de Balleroy, por volta de 1626. Planimetricamente é uma composição de cinco rectângulos juntos, de três tamanhos diversos, "defendidos" por dois quadrados (figura 49.1). A composição é deveras interessante, constituindo uma mole muito movimentada, e implantando-se "à francesa" num arremedo de baluarte  baluarte

Figura 49.1 . Chateau de Balleroy . Planta térrea
François Mansart

O desenho dos alçados (figura 49.2) reproduz exactamente a planimetria do conjunto, congregando-se os volumes, com uma certa "intranquilidade", num conjunto vivo de planos diversificados que a volumetria não desmente.

Figura 49.2 . Chateau de Balleroy . Alçado principal
François Mansart

Figura 49.3 . Chateau de Balleroy . Vista geral da frente . François Mansart

Mais uma vez, "la chair de l'architecure" está presente, no jogo entre as componentes estruturantes - a pedra, e as componentes estruturadas - o tijolo.

                                      Figura 49.4 . Chateau de Balleroy . Alçado principal . François Mansart

De 1635 a 38, Mansart executa a sua primeira obra-prima, a ala Orléans, construída para o delfim, Gaston d'Orléans, irmão de Luís XIII mas que acabou por deixar de ser construída quando nasceu o sucessor de Luís XIII, o futuro Rei-Sol.
Já aqui se tinha falado desta ala do Chateau de Blois (figura 49.6). Ela justapõe-se à extremidade poente da nova ala que Francisco I mandara construir, com a sua célebre escadaria em caracol, encerrada num prisma oitavado, exterior e aposto à ala por apenas três lados. Esta nova ala apresenta-se em três andares, três estratos bem definidos e separados por entablamentos completos.

A unir os pisos, Mansart desenhou uma escadaria interior (figura 49.5) que, curiosamente não é centralizada, antes ocupando um ângulo. É de um desenho interessantíssimo, não muito usual, dado que a primeira cúpula ou quase melhor dito, o tecto se rasga numa cruz de braços curtos, e deia ver uma cúpula de planta redonda. 

       Figura 49.5 . Ala Gaston d'Orléans . Chateau de Blois
Escadaria interior. François Mansart

      Figura 49.5 . Ala Gaston d'Orléans . Chateau de Blois . François Mansart

Os três estratos/pisos são modulados por tramos iguais que se separam por colunas gémeas, no piso do terreiro, e por pilastras gémeas nos outros dois pisos. A ala, ocupando um dos lados do "cour", implanta-se em U, recebendo o corpo central um pequeno ressalto, com três fenestrações, sobre o plano que, no total, apresenta sete fenestrações. Este avanço ainda sofre um outro avanço mais pequeno referente à porta principal de acesso e a uma janela no segundo estrato. Este avanço faz o enquadramento para dois pórticos sobrepostos, sendo o segundo rematado por um frontão triangular sobre cujas rampantes descansam duas deusas. O remate do corpo central, por trás deste, remata com um frontão redondo, ocupando somente o tramo central.
Esta fachada, por si só, poderia representar aquilo a que se convencionou chamar de Classicismo Francês, e não Barroco Francês.
A ligação entre os corpos a 90º faz-se por meio de dois porticados simétricos, de planta circular, desprendendo-se das paredes do edifício (figura 49.6). É uma forma assaz receptiva que se separa da parte central, recta, fazendo lembrar as "barchese" Palladianas. O avançar destes dois lados do primeiro estrato são os únicos cujos tramos se sustentam em colunas, contrastando com as pilastras dos outros pisos.
      Figura 49.6 . Ala Orléans . Chateau de Blois
François Mansart

A rematar este conjunto em U, um alto telhado, de forte inclinação, é indiscutivelmente a aportação de um pensar arquitectural para dar resposta a clima pluvioso como desta zona de França.

Também não é por acaso que se deve a François Mansart o nome designativo de uma tipologia de telhados, o chamado telhado em MANSARDA, como a figura 49.7 tão em ilustra e que não é mais do que haver duas inclinações diferentes para cada uma das águas do referido telhado.
  Figura 49.7 . Telhado em mansarda

Entre 1632  e 34, Mansart constrói a igreja de Sainte Marie de La Visitation, em Paris. É uma igreja de planta centralizada (figura 49.8), com um círculo como nave, a que se associam mais seis compartimentos curvos, mais um quadrado, marcando a entrada e, finalmente, um elíptico contendo a Capela-Mor.
  Figura 49.8. Igreja de Sainte Marie de La Visitation . Planta . Paris
1632/34 . François Mansart

  Figura 49.9. Igreja de Sainte Marie de La Visitation . Cúpulas principal e sobre Altar-Mor . Paris . 1632/34
François Mansart
A figura 49.9 mostra, num mesmo enquadramento, a cúpula circular central da nave, propriamente dita, e a cúpula elíptica da Capela-Mor.

A figura 49.10 mostra o ângulo entre a face da entrada e a do lado do Evangelho. Atente-se bem a imagem e notar-se-á de imediato uma diferença enorme no tratamento das superfícies quer das paredes, quer das coberturas. As cúpulas da igreja, cobertas de ardósia, apresentam um volume "desmesurado" na composição da volumetria. Para além da cúpula central, também bastante comum na arquitecura italiana, esta cúpula sobre a entrada é por de mais impositiva, quase que relegando os alçados propriamente ditos para um segundo plano de importância. Alçados esses cobertos por telhados fortemente inclinados, nos dois terços inferiores e de inclinação menos abrupta no terço superior - cobertura em mansarda.

Também se observa que o alçado principal é rematado em empena redonda que abriga o pórtico coríntio, de elevado entablamento. Um óculo circular encaixa-se sobre o vértice deste frontão.

  Figura 49.10. Igreja de Sainte Marie de La Visitation . Fachadas principal. e  do Evangelho
Paris . 1632/34 . François Mansart
Apesar de uma planta bastante elaborada, os alçados exteriores parecem ter pouca relevância para um desenho de grande subtileza no desenho da planta. São bem mais expressivos as oito pilastras contrafortando o cilindro que recebe a cúpula e o lanternim. Não deixa de despertar alguma perplexidade somente quatro dos referidos contrafortes serem encimados por urnas de grande altura e algo finas, que a figura 49.11 melhor transmite.

 Figura 49.11. Igreja de Sainte Marie de La Visitation . Pormenor da cúpula
Paris . 1632/34 . François Mansart

O Palácio de Maisons ou de Maisons Lafitte como viria a ser conhecido, apresenta-se quase como uma súmula do pensamento arquitectónico de François Mansart. Principalmente se retivermos a volumetria do Chateau de Balleroy e a composição parietal da Galeria de Orléans, no Chateau de Blois, pode ver-se neste último exemplo, a mestria e eu juntar-me-ia à opinião de que se deve a François Mansart o "estilo" do Classicismo francês, o tão decantado barroco francês. Do século XVII, é, no entanto, difícil de determinar as datas exactas da sua construção (e reconstruções) dada a incessante vontade de Mansart querer sempre e mais e mais aperfeiçoar.
 Figura 49.12. Chateau de Maisons Laffitte . Vista do jardim . Paris . Século XVII . François Mansart
O edifício conglomera-se em cinco "pavilhões", cada qual quase que sendo independente no que concerne à disposição de tramos abertos e fechados.
A fachada Noroeste corresponde à entrada e faz um U, em que os braços que convidam o visitante têm dois corpos, o primeiro com a altura de dois pisos, no seguimento do corpo principal do edifício, e prolongam-se, por mais um tramo, com a altura de apenas um piso. É uma entrega e, ao mesmo tempo, um convite a quem chega.
Os corpos continuam a ser divididos em tramos separados por pilastras duplas e triplas quando o volume principal se destaca avançando com a recepção aos convidados. Mais uma vez o tramo central atinge os três pisos e remata os seus três tramos por meio de um frontão triangular irrompido.
Os telhados, de grande inclinação, dialogam com as chaminés de forte presença e implantação simétrica.

 Figura 49.13. Chateau de Maisons Laffitte . Vista da entrada - Noroeste . Paris . Século XVII . François Mansart
A vista Noroeste, da entrada, tem um escalonamento de volumes muito interessante, quer planimétrica quer volumetricamente, conforme melhor revelam as plantas dos pisos principais. 
Figura 49.14. Chateau de Maisons Laffitte . Plantas dos pisos habitáveis
 Paris . Século XVII . François Mansart
O corte da figura 49.15 mostra bem a implantação da casa que além dos dois pisos nobres, ainda tem um subsolo e três pisos habitáveis.
Figura 49.15. Chateau de Maisons Laffitte . Corte transversal
 Paris . Século XVII . François Mansart

Figura 49.16. Chateau de Maisons Laffitte .Vista sobre o Jardim . Alçado Sudeste .  Paris . Século XVII
François Mansart

Figura 49.16Chateau de Maisons Laffitte .Vista sobre o Jardim . Alçado Sul
Paris . Século XVII . François Mansart
A figura 49.16 revela bem a complexidade da forma deste palácio com os "pavilhões" franceses ultrapassando uma unidade formal difícil de harmonizar

a seguir (22OUT80):
LOUIS LE VAU