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10SET20
FRANÇA (cont.)
PIERRE LESCOT
Pierre Lescot (1515/1578) foi um dos arquitectos que fizeram a transição do século XVI para o XVII.
De Lescot ficou uma das alas do Louvre, com uma fachada (figura 47.1) já a passos enormes de um barroco peculiar, o chamado classicismo francês. Com efeito, apesar de uma parede de grande decorativismo, há como que uma contenção de grande equilíbrio entre as partes constitutivas. O corpo divide-se em "pavilhões", isto é, há três corpos que avançam, deixando outros dois, mais largos, recuados. Os corpos que avançam têm a mesma tipologia que vimos nas fachadas anteriores: colunas duplas separadas abrindo-se no meio para dar lugar a lumes simples. O ritmo é a b a' b a e o alçado divide-se em dois estratos sob um ático-piso.
O telhado revela-nos que o edifício se erigiu num país setentrional.
Figura 47.1 . FAchada da ala Lescot do Museu do Louvre . Paris . Pierre Lescot
Nesta ala do Louvre existe uma escadaria monumental, cuja decoração ainda se encontra sob a influência do renascimento, conforme as figuras 47.2 - o desenho, e a 47.3 - a fotografia, o demonstram.
Figura 47.2 . Escadaria da ala Lescot do Louvre . Paris . Pierre Lescot
Figura 47.3 . Escadaria da ala Lescot do Louvre . Paris . Pierre Lescot
Também a Lescot de deve a sala das Cariátides, que a figura 47.4 representa.
Figura 47.4 . Sala das Cariátides do Louvre . Paris . Pierre Lescot
A Fonte dos Inocentes - la "Fontaine des Halles" (figura 47.5), em Paris, é uma peça com um encanto especial. Um paralelepípedo de planta quadrada com quatro faces iguais, cada uma constituída por um arco de triunfo de ritmo a b a, em que os tramos a são mais estreitos que o tramo central, b, que se abre em arco de volta perfeita. Os tramos são divididos por pilastras coríntias sobre as quais se sobrepõe um entablamento. Sobre esta cornija sobrepõe-se um ático/dado sobre o que, por sua vez , se ergue um frontão cujas rampantes nascem somente sobre os tramos b.
Figura 47.5 . "Fontaine des Halles" . Paris . Pierre Lescot
Este conjunto paralelepepédico assenta sobre um podium de cinco degraus que perfazem uma cascata sobre a qual a água jorra. é um jogo um tanto "maquiavélico" na medida em que os degraus não servem para se ir ao poço buscar água mas sim como uma cascata tetrapartida.
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SALOMON DE BROSSE
Foi um dos arquitectos de renome de França, tendo nascido em 1517 e morrido a 1626.
É a quem se deve a primeira fachada barroca para uma igreja de Paris, já existente, igreja gótica, de Saint Gervais et Saint Protais. Também o nome de Clément Il Métesau é indicado como tendo sido o seu autor. Dado que este foi aluno de De Brosse, também é possível que tivesse colaborado nela com o seu Mestre. Trata-se de uma fachada que tem muitas parecenças com a parte central da fachada de uma ala do Chateau d'Anet, que vimos no capítulo anterior (figura 47.6). Com efeito, a parte central divide-se em três estratos, três pórticos sobrepostos.
Figura 47.6 . Chateau d'Anet . Anet
Esses três pórticos são constituídos por colunas duplas não geminadas, o que lhes confere alguma maior solidez visual. O pórtico de baixo é da ordem dórica, o do meio da ordem jónica e o superior é da ordem coríntia, revelando, talvez, uma justificação de plena absorção da nova linguagem, do novo código linguístico da Renascença. As colunas do pórtico do primeiro estrato assentam directamente no chão, tendo as respectivas bases contacto directo com ele, enquanto que as duas superiores assentam sobre pedestais que se ligam através de um ático/piso.
Figura 47.7 . Saint Gervais . Saint Portais . Fachada . Paris . Salomon de Brosse
Saint Gervais tem um desenho com mais qualidade, mais refinado. Tem uma composição de tramos a b a, separados por colunas geminadas (enquanto que em Anet as colunas são apenas paralelas). O remate do primeiro estrato faz-se por um entablamento dórico, como dóricas são também as colunas, com um friso bem alto e onde não faltam as métopas e triglifos. Sobre a cornija, de pouca altura mas de projecção que equilibra o conjunto do entablamento, assenta o segundo estrato da ordem jónica que, por sua vez, assenta sobre um ático/dado que absorve a altura do frontão triangular que coroa o tramo central. Sobre este estrato assenta o terceiro e último, reduzido apenas ao tramo b que remata com um frontão redondo, apenas mostrando a sua cornija. Os tramos ficam em recesso em relação às colunas, provocando o efeito de ondulação parecendo perfilar-se uma fachada de convexidades e concavidades, que a figura 47.8 explicita bem.
Paris . Salomon de Brosse
Somente por curiosidade, insiro uma vista do interior desta igreja (figura 47.9) cujo código linguístico, gótico, em nada, tem a ver com o exterior.
Figura 47.9 . Saint Gervais . Saint Portais . Interior . Paris
O Parlamento de Rennes, como é mais conhecido o parlamento da Bretanha, é uma obra de De Brosse e é constituído por cinco pavilhões, quase como que um distintivo pavilhonar francês, sendo o central apenas ligeiramente saliente ao corpo do edifício (figura 47.10). Dois pisos/estratos, separados por um dado que percorre toda a superfície da fachada. Os tramos são divididos por pilastras geminadas, exceptuando a separação dos dois tramos de cada pavilhão extremo, e o do pavilhão central que é limitado por colunas geminadas. Por sobre este pavilhão e a rematá-lo, uma empena rematada por frontão curvo.
Figura 47.10 . Parlamento da Bretanha . Rennes . Fachada principal . Salomon de Brosse
À boa maneira francesa, este edifício é coberto por duas águas revestidas de ardósia e de forte inclinação, denotando o clima chuvoso da cidade de Rennes.
Mas o nome de Salomon de Brosse ficaria mais identificado com o Palais de Luxembourg, (figura 47.11) mandado erigir pela Rainha Viúva de Henrique II, Catarina de Medicis.
O palácio começou a erigir-se em 1615 e, em 1624, a obra passou para outro construtor, embora o desenho de De Brosse tenha aparentemente sido fixado e seguido à risca.
Figura 47.11 . Palácio do Luxemburgo . Implantação . Paris . Salomon de Brosse
A planta deste enorme palácio teria seguido o costume de se proporcionar o célebre "cour d'honner» - pátio de honra - que seguiria o uso parisiense de homenagear os hóspedes, enquanto também serviria para demonstração do poderio dos seus proprietários. A figura 47.12 mostra-nos a frente para a Rua de Vaugirard.
Figura 47.12 . Palácio do Luxemburgo . Entrada pela Rua de Vaugirard Alçado Norte
Paris . Salomon de Brosse
Embora a imagem não dê todo o desenvolvimento da fachada, ela aparece com o esplendor da proposta arquitectónica na figura 47.13 onde o pavilhão central é "romano" e os torreões laterais são "franceses".
Figura 47.12 . Palácio do Luxemburgo . Entrada pela Rua de Vaugirard . Desenho de alçado Norte. Paris
Salomon de Brosse
Figura 47.13 . Palácio do Luxemburgo . Alçado frente aos jardins do Luxemburgo
Paris . Salomon de Brosse
A figura 47.13 mostra-nos a outra fachada principal mas voltada para o Jardim de Luxemburgo.
Salomon de Brosse
A figura 47.13 dá-nos a ver uma composição bastante caprichosa com colunas e paredes de aduelas sobrepostas e de espessuras diferentes, uma a uma, sendo o mesmo com os fustes das colunas cilíndricas. Remata a fachada uma expressiva cornija arquitravada, remetendo para a ordem dórica. O frontão em respaldo remata em "cabeça de parafuso" fazendo lembrar o remate de Santa Maria della Pace, em Roma, de Pietro da Cortona.
O Palácio alberga há bastantes anos o Senado Francês, de que a figura 47.14 nos dá uma ideia.
Figura 47.13 . Palácio do Luxemburgo . Sala do Senado
Catarina de Medici, viúva consorte de Henrique II, de França, ficou imortalizada nesta pintura de Peter Paul Rubens (figura 47.14), de cerca de 1620.
a seguir: (24SET20)
PLACE ROYALE - PLACE DES VOGES
PLACE DAUPHINE
PLACE VENDÔME
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