Veracidade - versus – Verosimilhança: a Arquitectura da Idade Moderna oscila entre estes dois axiomas, os dois Vs pois que se, para comunicar, se serviu eminentemente dos elementos estruturantes das ordens clássicas, nem sempre estes tiveram genuína utilidade. Por vezes, incontestáveis, outras vezes em completa equidade e, possivelmente na maioria dos casos, juntando a verdade e a mentira. E esta somente consegue iludir através da verosimilhança. Sem este jogo, de profundo conhecimento da construção e da sua tradução entre estrutura maciça e estrutura esquelética, a arquitectura clássica não teria atingido a aura que conquistou, traduzindo o fausto de vários impérios, ao longo de séculos.
Apenas com base no teor da Unidade Curricular de História de Arquitectura Moderna, do Curso de Arquitectura da Universidade do Porto, FAUP, [realizado nos anos lectivos de 2006/7 (e em paralelo também na FCTUC-DARQ, da Universidade de Coimbra), 2009/10 e 2010/11], apresentarei o meu ponto de vista sobre a arquitectura desta época, tão rica e expressiva, que medeia entre o alvorecer do Renascimento e os inícios do Neoclassicismo, em que os elementos estruturantes têm um papel relevante na transmissão da linguagem arquitectónica. Enquanto fui professor, quer de Projecto, quer de Teoria (s), quer de História (s) da Arquitectura, ou ainda quer do Programa de Doutoramento em Arquitectura - PDA - sempre incentivei os meus estudantes a inteirarem-se da estruturação dos objectos arquitectónicos e tentarem percepcionar as linguagens possíveis dos materiais que os consubstanciam. Sem saber como se faz, como se pode materializar o projecto arquitectural, não há realização arquitectónica - não há ARQUITECTURA.
Agora, livre de qualquer responsabilidade didáctica, divagarei sobre uma matéria que sempre me fascinou, enquadrando-a numa sequência cronológica, ainda que possa haver momentos em que se retroceda ou se anteceda uma ou outra época, se for importante para a clarificação do discurso e desde que se me afigure como o processo mais lógico para a apropriação das “diversas” arquitecturas. Focar-me-ei apenas e quase exclusivamente nos objectos arquitectónicos que mais me tocaram, por razões por vezes díspares; arquitecturas que vi e outras que nunca verei, mas das quais tive notícia.
Porém, é importante que se registe que esta abordagem nunca poderá confundir-se com a HISTÓRIA. Para isso teria de haver isenção e equidistância. Não houve, nem haverá essa intenção. Será apenas um divagar sobre alguns dos edifícios que fizeram História.
O meu olhar sobre os artefactos arquitectónicos prende-se essencialmente com uma apetência de ver esses objectos especificando aspectos que se atribuem às características da matéria e suas diversas e possíveis expressões, enfatizando o que se chama: LINGUAGEM ARQUITECTÓNICA.
É consabido que as fachadas não têm a exclusividade de transmitirem esta linguagem, pois que linguagem de arquitectura é a transmissão do TODO do objecto, é o que o criador quer expressar enquanto espaço que se concretiza através da estruturação física. A maior ou menor mestria com que se lida com a geometria - que informa e enforma a espacialidade - está irredutivelmente ligada à transmissão da ideia de vivência dessa espacialidade. E é através das figuras geométricas e das características físicas dos materiais que o ESPAÇO criado transmite a MENSAGEM do significado que a sensibilidade apreende através do significante materializado.
“Cum in omnibus enim rebus, tum maxime etiam in architectura haec duo insunt,quod significatur et quod significat”
M. Vitruvii Pollions
Os temas focados estarão preferencialmente submetidos aos nomes dos arquitectos, por vezes com os respectivos cognomes como autores, por vezes a títulos sintetizadores de sensibilidades ou de classificações usualmente aceites, podendo alguns desses títulos serem da minha inteira responsabilidade e, portanto, serem assumidos como tal.
Poder-se-á invocar que divago transversalmente pela arquitectura de Itália. Não é inteiramente verdade, embora tenha sido em Itália (melhor dito, nos seus diversos stati) que se difundiu a arquitectura clássica helénica: primeiro na Magna Grécia, e depois em Roma. As ruínas da Cidade Eterna foram a inspiração e a base sobre as quais o Renascimento relançou o classicismo. Como tal, prosseguindo na senda da arquitectura italiana, uma paixão impossível de esconder, e fazendo jus às suas origens, penso que poderei ser absolvido.
Por fim, apresentarei as arquitecturas que integraram as épocas fundamentalmente focadas em Itália de países como Espanha, França, Inglaterra e Alemanha, ainda que, por vezes, alguns exemplos destes países sejam mostrados antes, no decorrer do discurso. Ocasionalmente, porém, poderei aludir a alguns, poucos, exemplos de Portugal.
As publicações serão quinzenais, podendo haver interrupções imprevistas.
NOTA: Ortografia anterior ao A.O.90
a seguir:
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Do final do GÓTICO até SANTA MARIA DAS FLORES (Florença)
Excelentes fotografias para ilustrar o texto que se encontra claro e directo.
ResponderEliminarContinuarei a seguir atentamente. Parabéns
Agradecido pelo comentário e conto não desiludir.
EliminarParabéns pela pertinência da iniciativa e pela excelência do conteúdo. Ficarei a aguardar a próxima entrada.
ResponderEliminarObrigado, Hugo. Sabe bem ter Amigos...
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